Reportagem Mastodon | Lisboa
Previa-se uma grande noite de concertos na Sala Tejo da Altice Arena, local cada vez mais requisitado para este tipo de eventos. Isto porque tinham data marcada para a sala de espetáculos, nada mais nada menos do que duas das bandas mais inovadoras que apareceram na música pesada, nas últimas duas décadas. Mastodon e Kvelertak no mesmo dia foi um prato cheio para o muito público que esteve presente.
Enquanto os fãs de ambos os grupos aguardavam ansiosamente pelo ponto de partida dos respetivos concertos, houve tempo ainda para observarem e ouvirem uma outra proposta musical, os Mutoid Man, bem menos conhecidos do que as bandas seguintes mas igualmente algo inovadores. Estes provavelmente nunca terão o nível de sucesso alcançado pelos Mastodon e Kvelertak, sendo que a conjuntura atual é complicada para novas bandas, mas há que reconhecer que a amálgama sonora difícil de definir que os Mutoid Man praticam, também é merecedora de apreço. Além do mais este power trio entrou em palco cheio de garra e vontade de angariar novos seguidores, o que terá sido conseguido, pelo menos a avaliar pela boa receptividade do público, que já se encontrava em grande número na Sala Tejo, pelas 20:30. Músicas como "Melt Your Mind", "Micro Agression" e "Date With The Devil", entre outras, foram interpretadas da melhor forma por estes bons instrumentistas, num concerto que provou ser uma mais-valia para o cartaz, o que nem sempre sucede com as bandas de abertura.
"Åpenbaring" é uma faixa curta mas extremamente eficaz para a abertura dos concertos de Kvelertak e foi desse modo que a célebre banda norueguesa iniciou a atuação. O novo vocalista deu bem conta do recado e à segunda música, a conhecida "Bruane Brenn", já incentivava o público a colocar os braços no ar. O álbum mais recente "Nattesferd" foi muito pouco representado nesta noite, com a banda a preferir tocar alguns dos temas mais emblemáticos da sua ainda curta carreira. Quem tem músicas como "Fossegrim", "Blodtørst", "Mjød" e "Nekroskop" não as pode simplesmente deixar de fora, sendo que estas contribuíram decisivamente para este concerto ser considerado de nota elevada. Com metade do tempo para tocar comparativamente com os headliners e com menos de metade de álbuns na bagagem, ainda assim os Kvelertak disputaram taco a taco o prémio de banda da noite com os Mastodon.
Já os Mastodon não precisam de provar nada a ninguém, sendo uma das mais refrescantes e originais propostas musicais da música pesada desde a viragem do milénio e já com sete álbuns a provar a sua valia e relevância. Estes já passaram diversas vezes por cá, quer em festivais quer em nome próprio e continuam a ter muitos seguidores, como ficou demonstrado nesta noite. Os fãs não se terão arrependido de comparecer em massa na Sala Tejo da Altice Arena, até porque para além da habitual proficiência técnica dos instrumentistas de Mastodon, tiveram direito a um alinhamento poderoso e fortíssimo.
Só no início levaram logo de rajada com "Iron Tusk", "March of the Fire Ants", "Mother Puncher" e "Chimes at Midnight". Depois, deu para relaxar um pouco com temas mais suaves como "Steambreather" (cantada efusivamente pelo público), "Precious Stones", "Sleeping Giant" e "Toe to Toes" sendo esta última a - digamos assim - mais comercial do concerto e pertencente ao mais recente EP da banda, "Cold Dark Place". Seguidamente foi a vez de revisitar o aclamado Crack The Skye com "Ghost of Karelia", ao que se seguiu a louca "Capillarian Crest". O tema de abertura do "The Hunter", "Black Tongue", também soou bem ao vivo mas irresistível é o apelo que músicas poderosas como "I Am Ahab" têm em concerto. Seguiram-se dois temas com refrões super apelativos, "Ancient Kingdom" e "Ember City" que foram aparentemente feitos para ser entoados pelos fãs. Voltaram (e bem!) aos clássicos com "Crystal Skull", sendo que no final desse tema o público começou a gritar pelo nome da banda, o que deixou patente que o concerto estava a ser do agrado dos presentes. Na secção rápida de "Megalodon" houve mosh na sala de espetáculos e em "Spectrelight" voltaram as cantorias.
"Aqua Dementia", "Crack the Skye" e "Blood and Thunder" fecharam da melhor forma mais um grande concerto dos Mastodon em solo nacional, tendo ficado demonstrado que a último tema ainda é o maior clássico da banda norte-americana, pela reação efusiva do público ao mesmo.
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quinta-feira, 21 fevereiro 2019